Na obra "A
Política como Vocação", Max Weber, procura investigar o conceito de política,
tentando afastar as acepções mais abrangentes que o próprio conceito abarca.
Para Weber, a política se apresenta como uma suposta direção do estado, ou
ainda, do agrupamento político hoje denominado “Estado”. Esse estado não se
define, sociologicamente, pelos seus fins, nem por supostas tarefas exclusivas,
mas por outro lado, pelo meio específico que lhe é peculiar, que seria o uso da
coação física.
Weber chega a
afirmar que todo estado se funda na força, ou melhor, que a violência é o
instrumento específico do estado. E que há entre o Estado e a violência uma
relação íntima, que pode ser observado, ao longo do tempo, nos mais diversos
agrupamentos políticos, a começar pela família. A noção moderna do estado como
comunidade humana que reivindica o monopólio do uso legítimo da violência
física, concentra a idéia weberiana do fundamento do estado como única fonte do
direito à violência e, por conseguinte a definição da política como “o conjunto
de esforços com vistas a participar do poder ou a influenciar a divisão do
poder, seja entre Estados, seja no interior de um único Estado” (WEBER, Max,
p.67).
A noção de
Estado trás consigo a relação de dominação do homem sobre o homem, que
historicamente é possível de se observar em qualquer tipo de agrupamentos
políticos. Sendo assim, todo e qualquer homem que se entrega a política tem por
finalidade a aspiração ao poder, tanto para fins pessoais, egoístas ou ideais,
ou pelo desejo do poder pelo poder, gozando dos prestígios que este o confere.
A dominação legítima seria um elemento relevante, nas investigações de Weber,
para entender quais as razões que justificam essa dominação e ainda, quais as justificativas
externas que as sustentam.
Para Weber,
existem três razões internas que justificam a dominação, e que também servem de
fundamentos da legitimidade da dominação. Essas razões se traduzem como o poder
tradicional, o poder carismático e, por fim, o poder legalista, ou da
legalidade. O tradicionalista diz respeito a autoridade do “passado eterno”, ou
em outras palavras dos costumes santificados enraizados nos homens que os
respeitam. O poder carismático se configura numa espécie de autoridade que se
funda em dons pessoais e extraordinários de um indivíduo (carisma), devoção e
confiança estritamente pessoais depositadas em alguém. E por último o poder
legalista ou da legalidade, este fundado na crença da validade de um estatuto
legal e de uma competência positiva, fundada em regras racionalmente
estabelecidas, ou melhor, a autoridade fundada na obediência, que reconhece
obrigações estabelecidas conforme um estatuto.
Todas essas
formas de dominação são entendidas como uma dominação organizada, que lança mão
de meios para afirmar a sua autoridade. Os meios que dispõem os homens
políticos para dar continuidade à dominação são por um lado um estado-maior
administrativo e, por outro lado, os meios materiais de gestão. Esses elementos
fornecem a o entendimento acerca da natureza da autoridade e, por conseguinte a
legitimidade da dominação.
O estado-maior
representa externamente a organização de dominação política, que não se
sustenta apenas pela obediência ao detentor do poder em razão das três
concepções de legitimidade, mas também através de duas espécies de obediência
que se relacionam a interesses pessoais: retribuição material e prestígio
social. Tomados como exemplo: os vencimentos dos funcionários públicos, a
homenagem dos vassalos e da outra parte, a honra dos cavaleiros, os privilégios
das ordens e a dignidade do servidor. O medo de perder o conjunto dessas
vantagens é a razão decisiva da solidariedade que liga o estado-maior
administrativo aos detentores do poder.
Para garantir
a continuidade de uma dominação que se sustenta no uso da violência, ou da
força, se faz necessário certos bens materiais. Sendo assim, Weber classifica
as administrações em duas categorias. A primeira obedece ao seguinte princípio;
o estado-maior, os funcionários ou outros magistrados, os quais os detentores
do poder depende, são eles próprios, os proprietários dos instrumentos de
gestão, instrumentos que podem ser recursos financeiros, edifícios, material de
guerra, parque de veículos, cavalos etc. A segunda categoria obedece a um
princípio oposto; o estado-maior é “privado” dos meios de gestão, assim como
nos dias atuais, nos quais o empregado e o proletariado são “privados” dos
meios materiais de produção numa empresa capitalista.
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